quarta-feira, 24 de junho de 2015

Laibach na Coreia Popular!

Flávio Gonçalves - Os sempre polémicos e joviais eslovenos Laibach anunciaram na passada semana que marcarão presença nas comemorações do 70º aniversário da libertação da península coreana com dois concertos em Pyongyang. Estes dois concertos na República Democrática Popular da Coreia (vulgo Coreia do Norte) foram baptizados de “Digressão do Dia da Libertação” (tradução livre de “Liberation Day Tour”) e serão filmados para um documentário que será lançado em 2016. Fundados há 35 anos os Laibach têm vindo a chocar com a sua estética autoritária (de inspiração tanto fascista como comunista, dependendo do dia), com a sua interpretação marcial de vários sucessos do rock ocidental e, como não podia deixar de ser, com as suas próprias composições e vídeos cuidados (é de bom tom recordar a banda sonora que compuseram para “Iron Sky”, o hilariante filme em que nazis exilados desde o final da Segunda Guerra Mundial numa base secreta na Lua decidem invadir o planeta Terra a bordo de discos voadores – a sequela está prevista para 2016, desta vez com nazis exilados na Terra Oca).

Não são muitas as bandas ocidentais a terem a oportunidade de tocar na Coreia do Norte, numa rápida pesquisa encontramos apenas referência aos cristãos Casting Crowns (afectos à Igreja Baptista dos EUA), à Annie Moses Band e a Eric Clapton, mas uma vez que as deslocações e as relações internacionais no que diz respeito à RDPC ainda estão longe de normalizadas, pese embora as tentativas de aproximação e abertura do regime desde 2008, é possível que outros agrupamentos ocidentais tenham passado por Pyongyang de modo mais discreto. Esta provocação deliberada por parte dos Laibach em tocarem num país visto como pária pelo resto do mundo agrada-me tanto como fã inveterado e como apologista desde sempre dos laços diplomáticos e comerciais com nações que não adoptaram ainda plenamente o modo de vida ocidental, isto enquanto ainda lhes é permitido existir (recordemos o triste destino da Líbia, do Iraque e a guerra em curso na Síria). 

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